Maioria dos cidadãos do G20 apoia Lei do Ecocídio, revela pesquisa

No Brasil, 83% dos entrevistados são a favor da criminalização de danos graves à natureza ou ao clima

Foto: Leonhard - PixaBay -

Uma pesquisa de opinião mostrou forte apoio (72%) nos países do G20 (exceto a Rússia e União Europeia), na Suécia, na Dinamarca, na Áustria e no Quênia para a tipificação do crime de Ecocídio, isto é, a criminalização de ações que causem danos graves, irreversíveis e de longo prazo à natureza ou ao clima. A sondagem foi realizada pela Ipsos a pedido das organizações Earth4All e Global Commons Alliance. No total, foram consultadas 22 mil pessoas com idades entre 18 e 75 anos em 22 países – no Brasil, foram 1 mil participantes.

Pelos dados obtidos, embora o apoio à ideia da lei de Ecocídio seja relativamente baixo no Japão (43%) e na Arábia Saudita (57%), o apoio em todos os outros países é maior do que 60% – os principais defensores são do Quênia (91%), da África do Sul (85%), do México (85%), da Argentina (85%) e do Brasil (83%). Isso mostra que, apesar de um amplo endosso no G20, há mais adesão à proposta nos países em desenvolvimento.

O que também se observou foi uma preocupação profunda sobre o estado atual e o futuro do planeta: 59% dos entrevistados estão muito ou extremamente preocupados com o estado da natureza hoje e 62% com o estado em que será deixada para as gerações futuras. Em relação ao Brasil, esses índices foram de 78% e 80%, respectivamente.

Ecocídio?

Outros dados mostram que 69% concordam (78% entre os brasileiros) que, devido às atividades humanas, a Terra está próxima de “pontos de ruptura” ambientais, e 71% acreditam (81% entre os brasileiros) que o mundo precisa tomar medidas imediatas para reduzir as emissões de carbono provenientes dos setores de energia, transportes, alimentos, indústria e edifícios.

Embora a maioria dos entrevistados do G20 tenha expressado otimismo em relação ao seu futuro pessoal, constatou-se uma disparidade significativa em comparação com a sua perspectiva sobre o futuro do mundo: 62% dos inquiridos estavam otimistas quanto ao seu próprio futuro, mas apenas 38% se mostraram otimistas quanto ao futuro do planeta.

Além disso, 59% acham que a natureza já está demasiado danificada para continuar a satisfazer as necessidades humanas a longo prazo e 74% que a saúde e o bem-estar humanos estão intimamente ligados à saúde e ao bem-estar da natureza.

Pouco mais de metade dos consultados (52%) sentem-se pessoalmente expostos a riscos ambientais e climáticos. Dessa forma, os que vivem em países de baixo e médio rendimentos tendem a pensar que estão mais expostos do que os que vivem em países de rendimento elevado.

A maioria dos participantes também pensa que a ação em questões ambientais pode trazer benefícios adicionais (66%). Além disso, entendem que os custos da poluição são superiores ao custo do investimento necessário para uma transição verde (60%).

Mulheres e pessoas politizadas estão mais preocupadas

Mais uma constatação da pesquisa de opinião foi que as pessoas expostas às ameaças climáticas e as que estão interessadas em política têm maior probabilidade de se preocupar com a natureza e o planeta.

Assim, em relação ao gênero, as mulheres tendem a mostrar níveis mais altos de preocupação com o estado da natureza hoje (62%) e para as futuras gerações (65%). Dessa forma, setenta e três por cento delas acreditam que ações importantes para enfrentar questões ambientais e reduzir as emissões de carbono devem ser tomadas imediatamente.

Foto: PixaBay

Apenas 25% das pessoas do sexo feminino acreditam que as alegações sobre os riscos ambientais são exageradas, frente a 34% dos homens. E elas são significativamente menos propensas a acreditar que a tecnologia resolverá riscos ambientais como as mudanças climáticas (35% em comparação com 44% dos homens).

No geral, para 30% dos entrevistados muitas das alegações sobre ameaças ambientais são exageradas. Além disso, apenas 33% concordaram que o seu governo está fazendo o suficiente para combater as mudanças climáticas e os danos ambientais.

Em relação à tecnologia, a maioria é cética quanto à possibilidade de ela resolver problemas ambientais. Apenas 39% concordaram que soluções tecnológicas podem resolver estes problemas sem que os indivíduos tenham que fazer grandes mudanças nas suas vidas.

Segmentação da gestão planetária

A pesquisa produziu a primeira segmentação de acordo com atitudes em relação à gestão planetária, divididos em cinco “personas”:

– Gestores planetários: defendem mudanças políticas e econômicas urgentes, com alta preocupação e ativismo contra o ecocídio;

– Otimistas preocupados: apoiam ações imediatas e acreditam nos benefícios de abordar a mudança climática;

– Progressistas constantes: preferem reformas graduais dentro dos sistemas existentes;

– Céticos climáticos: descartam preocupações climática, priorizam liberdade individual e são contra ações imediatas e de governo;

– Desengajados: desinteresse em questões ambientais; são indiferentes a mudanças significativas nos sistemas políticos e econômicos.

Em todo o G20, os Gestores planetários, os Otimistas preocupados e os Progressistas constantes constituíram a maioria (61%) dos entrevistados. Apenas 13% das pessoas ouvidas são céticas quanto às mudanças climáticsa e à necessidade de ações urgentes.

“Isso mostra que atingimos um ponto de inflexão social, onde mais pessoas se preocupam com – e querem ações para proteger – o planeta do que aquelas que não se preocupam”, disse Owen Gaffney, co-líder da Earth4All, em comunicado.

Os países nos quais os gestores planetários representam os maiores grupos são Brasil (26% da população), França (27%) e Turquia (28%). “Descobrimos que a ideia de gestão planetária é mais forte em economias emergentes, como Brasil, Argentina, África do Sul e Quênia”, completou Gaffney.

Os desengajados, por sua vez, representam os maiores grupos na Alemanha, Itália, Japão e Arábia Saudita. No Brasil, 17% das pessoas fazem parte dessa categoria.

Assim, somando todas as personas, grande parte enfatiza a necessidade de urgência na ação. Para, assim, reduzir as emissões de carbono e o ecocídio. Dessa forma, 71% acham que é preciso uma ação imediata, na próxima década, e 15% uma ação nos próximos 20 a 30 anos. Apenas 5% disseram que nenhuma ação é necessária.

Fonte: Um Só Planeta

Receba as principais notícias sobre sustentabilidade no seu WhatsApp! Basta clicar aqui