A conta de luz dos brasileiros têm ficado cada vez mais cara, ainda mais quando a bandeira vermelha de taxação é acionada. A raiz deste problema está na crise hídrica e nas mudanças climáticas, fazendo com que usinas hidrelétricas estejam com os reservatórios baixos e que as termoelétricas precisem ser ligadas. Em virtude disso, aumentam as buscas pela energia solar, que apresenta muitos fatores positivos, como o fato de ser renovável.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a energia solar representa apenas 1,9% da matriz elétrica no Brasil. Um número ainda baixo perto da energia hídrica, principal fonte de energia utilizada no país, com 59,3%. No entanto, estudos das entidades relevam uma estimativa de que, em 2050, a energia solar irá ultrapassar a energia hídrica e se tornar a principal fonte, quando chegará a 32,2% da eletricidade gerada, enquanto a gerada a partir da água diminuirá até chegar a 30,2%.
Segundo o presidente executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros, um estudo revelou que 9 em cada 10 brasileiros desejam gerar energia elétrica em casa. Em relação à pandemia, a pesquisa informa que a conta de luz passou a pesar mais no orçamento família de 79% dos entrevistados, em razão do tempo em casa ou da redução da renda familiar; e 74% afirmaram que têm economizado energia elétrica para reduzir o valor da conta.
Órgãos da área
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) reafirma que os atributos positivos da geração própria de energia solar superam, com folga, eventuais custos aos consumidores brasileiros e podem trazer R$ 139 bilhões apenas em novos investimentos ao país até 2050. Segundo análise da entidade, benefícios da modalidade somam mais de R$ 150 bilhões no período, somente com a redução de custos no uso de termelétricas fósseis, uma das principais responsáveis pelo aumento tarifário na conta de luz e pelas emissões de poluentes e gases de efeito estufa do setor elétrico.
“A geração própria de energia solar ajuda a economizar água dos reservatórios das hidrelétricas do país e reduz o uso de termelétricas fósseis, caras, poluentes e responsáveis pela terrível bandeira vermelha. Com isso, ajuda a diminuir a conta de luz de todos os brasileiros. Por isso, é fundamental fortalecer e incentivar o uso desta tecnologia no Brasil”, comenta Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR.
A energia solar se divide em geração solar centralizada, utilizada pelas grandes usinas, e energia solar distribuída, que ocorre quando uma residência produz energia para si própria. De acordo com dados da ABSOLAR, em número de sistemas instalados, os consumidores residenciais estão no topo da lista, representando 41,3% do total de conexões. Em seguida, aparecem as empresas dos setores de comércio e serviços (36,0%), consumidores rurais (13,3%), indústrias (8,1%), poder público (1,2%), iluminação pública (0,02%) e outros tipos, como serviços públicos (0,01%) .
Como funcionam os tipos de energia solar fotovoltaica
Existem dois tipos de geração de energia solar: distribuída e centralizada. A geração distribuída é mais usada de forma residencial, e funciona utilizando placas solares instaladas no telhado das casas com o objetivo de gerar energia quando recebem a incidência dos raios solares. Essa energia é conduzida para o inversor solar, que altera a corrente elétrica de contínua para alternada. Esse processo possibilita que a energia fique compatível com a corrente da residência e a torna pronta para utilização doméstica.
Já a geração de energia centralizada normalmente é utilizada pelas grandes usinas. Funciona de modo que uma única unidade geradora produz energia para muitas pessoas. A eletricidade é conduzida por cabos de transmissão maiores e mais altos até as redes de distribuição, que são os cabos de energia dos postes.
Embora a energia solar centralizada seja comumente utilizada para indústrias, algumas empresas já estão construindo imóveis com painéis de energia solar instalados. Dessa forma, gerando economia para as famílias que residem no local, a exemplo da MRV.
Quais são as vantagens e desvantagens da energia solar?
Dentre as principais vantagens, é possível citar a não-poluição da atmosfera e a baixa necessidade de manutenção. Além disso, o baixo custo do sistema, considerando sua vida útil – 25 anos – e a fácil instalação. A economia de até 90% da conta de luz, a valorização do imóvel e a fácil reciclagem do material, também são pontos altos.
Segundo dados da ABSOLAR, o setor já gerou mais de 283 mil empregos em território nacional. Além disso, a geração de energia solar já evitou a emissão de mais de 10 toneladas de dióxido de carbono (CO2). Por fim, como são feitas a partir do vidro, condutores e metálicos, é possível que o seu material seja reciclado posteriormente.
Apesar dos diversos benefícios econômicos, sociais e ambientais, a energia solar possui algumas desvantagens. Assim, pode-se citar, por exemplo, o alto preço de aquisição inicial, a falta de incentivo do governo e a baixa capacidade de armazenamento. No entanto, com o avanço da tecnologia, alguns desses malefícios devem desaparecer nos próximos anos.
A baixa capacidade de armazenamento de energia não chega a ser um grande problema, visto que a economia de luz pode chegar até 90%. Porém, entre as principais desvantagens, pode-se citar a falta de incentivo fiscal das autoridades no Brasil. Assim, faz com que a alternativa pareça pouco acessível às famílias. Além disso, empresas do setor de energia que podem perder mercado pressionam o governo com a finalidade de dificultar o crescimento da geração do ramo. Apesar disso, o custo dessa tecnologia está em constante queda, e já existem formas de financiar as aquisições.
Respaldo legal
O PL nº 5.829/2019 cria o marco legal para a geração própria de energia dos brasileiros a partir de fontes renováveis. A iniciativa busca aliviar os problemas da crise hídrica no setor elétrico, ajudando a reduzir os gastos com a conta de luz. O acordo foi votado pela Câmara dos Deputados em agosto de 2021 e depois seguiu para o Senado Federal.
Fonte: Rodrigo Narciso / Um Só Planeta
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