Inflação e crescimento econômico serão impactados por eventos climáticos extremos, diz diretor do Banco Central

Gastos com energia subirão em setembro em decorrência da seca que assola o Brasil

Edifício-Sede do Banco Central em Brasília Crédito: Agência Brasil -

Eventos climáticos extremos tendem a pressionar a inflação e a conter o ritmo de crescimento da atividade, declarou Paulo Piccetti, diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, durante uma transmissão ao vivo realizada no YouTube.

“Na medida em que a oferta é comprometida por um evento climático extremo, os preços sobem. Vai ter um impacto no nível de atividade, em seguradoras. E, portanto, o BC tem de reagir a isso”, destacou. “No ponto de vista clássico, choques de oferta não são combatidos por autoridades monetárias. O manual diz que o BC tem de combater os efeitos secundários disso, e em um espaço de tempo relevante para a política monetária.”

Picchetti, segundo reportagem do g1, avaliou que condições como seca, tempestades e incêndios não são aleatórias e temporárias. Assim, o Banco Central já está tomando iniciativas. “A gente está trabalhando, em conjunto com a rede de BCs, nesses modelos que juntam as dimensões climáticas e econômicas para tornarem explícitas e quantitativas as decisões de política [de juros] que vamos ter que tomar.”

Efeitos da inflação

Na transmissão online, o executivo informou que foram bloqueados, através do Cadastro Ambiental Rual (CAR) – obrigatório desde 2019 –, R$ 700 milhões em crédito irregular, nos últimos anos, para produtores rurais que buscavam atuar em áreas de proteção ambiental.

“Desde a implementação, mais de 1,2 mil operações de crédito já foram interditadas por demonstrar inconformidade com áreas protegidas por diferentes razões, terra indígena, ou áreas de conservação. Isso dá um volume de mais de R$ 700 milhões em crédito rural. Mais de 30 mil pedidos de registros de empresas e entidades nesse cadastro ambiental rural já foram interrompidos por haver problemas de conformidade. Fiscalização se dá de forma contínua”, complementou.

Aumento na conta de energia

Um evento climático extremo que assola o país, a seca, terá impacto nas contas de luz este mês. Na sexta-feira (30), a Agência Nacional de Energia Elétrica anunciou que pela primeira vez em três anos foi acionada a bandeira vermelha patamar 2. Isso sinaliza maiores custos para a geração de energia elétrica, com um acréscimo de R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

A decisão foi tomada em razão da previsão de chuvas abaixo da média em setembro. Assim, resultando em expectativa de afluência nos reservatórios das hidrelétricas do país (em cerca de 50% abaixo da média). Dessa forma, esse cenário de escassez de chuvas, somado ao mês com temperaturas superiores à média histórica em todo o Brasil, faz com que as termelétricas, com energia mais cara que hidrelétricas, passem a operar mais.

Então, ela ficou em vigor até abril de 2022, quando foi acionada a bandeira verde, sem cobrança adicional na conta de luz. Dessa forma, em julho de 2024, entrou em operação a bandeira amarela, seguida novamente de bandeira verde em agosto.

Fonte: Um Só Planeta

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