Fumaça das queimadas na Amazônia escureceu o céu de São Paulo na segunda-feira

A grande nuvem de material particulado e monóxido de carbono deverá atingir o Rio Grande do Sul

Fumaça de incêndio florestal na Amazônia. — Foto: © Divulgação Brigada de Alter do Chão (PA) -

Na segunda-feira (2), a fumaça das queimadas da Amazônia encobriu totalmente a cidade de São Paulo, deixando o céu escuro em boa parte do dia. Imagens do sistema Modis dos satélites Aqua e Terra, da NASA, indicaram que a grande nuvem de material particulado e monóxido de carbono que chegou à capital paulista saiu do Sul do Pará e da Bolívia, regiões onde tem ocorrido muitos incêndios.

Reportagem de O Globo explica que a fumaça, que se desloca em massas de ar a grandes altitudes, atingiu a maior cidade do país depois de viajar até a encosta dos Andes e voltar ao Brasil por circulação atmosférica, entrando pelo Paraguai. O tempo seco ainda a deixou mais visível.

Sistemas de simulação da atmosfera já previam há três dias que resíduos das queimadas amazônicas iriam chegar a São Paulo, informou a cientista Karla Longo, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE).

“Isso é o que acontece todos os anos na Amazônia, dentro de uma certa variação. Não é fumaça dos incêndios do interior paulista. As pessoas em São Paulo estão respirando mesmo floresta amazônica queimada”, disse ela.

Queda na qualidade do ar

Nos prédios mais altos do Centro de São Paulo, em um dia limpo, é possível enxergar até a região do Grande ABC. Na tarde de segunda-feira, no entanto, com o céu todo encoberto pela fumaça, só se via até a Mooca, a 5 km de distância.

Apesar disso, as estações da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) que medem a qualidade do ar na capital não registraram uma poluição atmosférica especialmente intensa. A única estação com nível de material particulado classificado como “muito ruim” foi a do Pico do Jaraguá, a 1.135 metros de altitude.

“Uma das características que me chamaram à atenção para essa passagem da pluma sobre São Paulo é que boa parte dela está passando a 3.000 metros de altitude, na camada limite, mas está chegando poluente aqui embaixo também, e isso deve perdurar por mais dois dias pelo menos”, destacou Longo ao O Globo.

Segundo a Cetesb, nesta terça-feira (3) as condições locais em São Paulo são “desfavoráveis à dispersão dos poluentes”. A companhia alertou moradores da cidade para provável queda na qualidade do ar.

Fumaça atingirá o Rio Grande do Sul

Após atingir a capital paulista, as fumaças das queimadas na Amazônia e em outras partes da América do Sul deverão chegar ao RS. Modelos de previsão de dispersão de aerossóis, como o europeu CAMS do Sistema Copernicus, indicam que um corredor de fumaça está se movendo para o Sul.

Esse corredor alcançará o estado gaúcho e seguirá para o Oceano Atlântico. Depois, retornará para o Norte e impactará estados do Sudeste como Rio de Janeiro, Espírito Santo e um trecho de São Paulo.

A principal origem dessa fumaça, de acordo com a MetSul Meteorologia, é o Sul da Amazônia, especialmente o chamado “arco do desmatamento”. Isso inclui áreas de do Amazonas, de Rondônia e da Bolívia.

O transporte da pluma para o Sul do Brasil é facilitado por um corredor de vento em baixas altitudes. Ele é conhecido como corrente de jato, que se forma na Amazônia e desce até o Rio Grande do Sul.

Fonte: Um Só Planeta

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