Como a Lego quer se livrar do plástico feito à base de petróleo e se tornar uma empresa 'verde'

Plano da maior fabricante mundial de brinquedos é usar matéria-prima 100% reciclável até 2032. Mas custo é até 60% maior

Foto: PixaBay -

A Lego, maior fabricante mundial de brinquedos, está intensificando seus esforços para substituir os combustíveis fósseis usados na fabricação de seus blocos coloridos por plásticos renováveis e reciclados, até 2032, após assinar acordos com produtores para garantir um fornecimento de longo prazo. Mas está pagando caro para alcançar seus planos.

A fabricante, que vende bilhões de blocos de plástico anualmente, testou mais de 600 insumos diferentes para desenvolver um novo material que substituiria completamente seu bloco à base de petróleo até 2030, mas com sucesso limitado.

Então, se dispôs a pagar até 60% mais por resina renovável certificada, o plástico bruto usado para fabricar os blocos, em uma tentativa de incentivar os fabricantes a aumentar a produção.

Christiansen ressaltou que a empresa está no caminho certo para garantir que mais da metade da resina necessária em 2026 seja certificada de acordo com o método de balanço de massa, uma forma auditável de rastrear materiais sustentáveis através da cadeia de suprimentos, em comparação aos 30% no primeiro semestre de 2024.

— Com uma família proprietária comprometida com a sustentabilidade, é um privilégio poder pagar mais pelos materiais brutos sem ter que cobrar mais dos clientes — disse Christiansen, que se recusou a dizer quais são os fornecedores ou a dar detalhes sobre preços ou volumes.

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Objetivo da Lego

Em entrevista ao Financial Times, Niels Christiansen, CEO da Lego, contou que 30% de toda a resina comprada pela fabricante de brinquedos dinamarquesa no primeiro semestre vieram de fontes chamadas de “balanceamento de massa”, o que significa que usou uma mistura de material de combustível fóssil e fontes recicladas ou renováveis.

— É 40%, 50% a 60% mais caro em termos de material. Nós não repassamos isso para o consumidor — disse CEO, acrescentando que isso significa um aumento significativo no custo de produção de um bloco Lego.

De acordo com o executivo, a Lego vem tentando estimular a demanda entre os produtores de plásticos. Assim, aumentará o fornecimento de matérias-primas mais ecológicas, comprando volumes significativos da resina feita a partir de fontes de balanceamento de massa.

Novas estratégias

Os blocos com pinos da Lego são altamente duráveis e resistentes, mas a família fundadora do grupo dinamarquês e o CEO estão comprometidos em eliminar o petróleo e outros combustíveis fósseis de sua cadeia de suprimentos, apesar dos custos mais altos, devido ao papel do produto, predominantemente, como um brinquedo infantil.

Na entrevista com o FT, Christiansen confessou que agora estava “mais confortável” com a meta da fabricante de brinquedos para 2032. A meta é fazer todos os seus produtos a partir de materiais renováveis e reciclados.

Reportagem da Reuters aponta que os fornecedores da Lego estão utilizando bio-resíduos, como óleo de cozinha ou gordura de resíduos da indústria alimentícia. Além disso, também apostam em materiais reciclados, para substituir os combustíveis fósseis virgens na produção de plástico.

A mudança ocorre em meio a um excesso de plástico virgem barato, impulsionado pelos investimentos das grandes empresas de petróleo em petroquímicos. O mercado de plástico reciclado ou renovável ainda está em seus estágios iniciais. Em parte porque a maior parte da matéria-prima disponível é usada para biodiesel subsidiado, que é misturado aos combustíveis de transporte.

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Maiores emissões de gás

Ainda de acordo com o FT, a Lego sofreu alguns grandes reveses. Por exemplo a do ano passado, quando abandonou sua tentativa mais destacada de encontrar uma alternativa sem combustíveis fósseis para seu principal plástico usando garrafas plásticas recicladas. Descobriu-se que o novo material, na verdade, levaria a maiores emissões devido a questões como a necessidade de readequar todas as suas fábricas.

A maior fabricante mundial de brinquedos vem investindo fortemente em sustentabilidade e na ampliação de suas instalações de produção. Assim, apostando em mudanças verdes nas novas fábricas nos Estados Unidos e no Vietnã.

De acordo com o grupo PlasticsEurope, cerca de 90% de todo o plástico são feitos de combustíveis fósseis, no caso, petróleo.

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Fonte: O Globo

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