Menos de 2% das embalagens de plástico são reutilizáveis, aponta relatório

Compromisso global da ONU e da Fundação Ellen MacArthur é ratificado por mais de 500 organizações que respondem por mais de 20% das embalagens plásticas no mundo

Garrafas de água que poderiam ser substituídas por reutilizáveis
Foto: PixaBay -

Três anos após aderirem ao Compromisso Global por uma Nova Economia dos Plásticos, empresas e varejistas reduziram o uso de plástico virgem pelo segundo ano consecutivo. De acordo com um novo relatório da ONU e da Fundação Ellen MacArthur (EMF, sigla em inglês), a queda será acentuada por novos acordos, que poderão diminuir em quase 20% a utilização desse material até 2025, em comparação com 5 anos atrás.

Mesmo assim, o cenário atual ainda é preocupante: o uso de plástico virgem pelas companhias atingiu novo pico nos últimos anos. Por isso, alcançar a meta se tornou obrigatório para todas as 65 empresas signatárias do compromisso. Ao todo, o acordo reúne mais de 500 organizações, responsáveis por pouco mais de 20% das embalagens plásticas no mundo.

O relatório, que inclui dados sobre embalagens de empresas como Nestlé, PepsiCo, Unilever, Coca Cola e L’Oréal, estima que o reforço nas ambições já existentes desde 2018 pode evitar a produção anual de 8 milhões de toneladas de plástico virgem até o ano que vem, o que equivale a manter 40 milhões de barris de petróleo nos subsolos.

Além disso, o que contribui com o progresso atual é a troca do plástico descartável pelo reciclado. Mas, segundo o relatório, isso por si só não resolve o problema da poluição. Pois não contempla a quantidade total de embalagens plásticas no mercado.

Números dos que são de fato reutilizáveis

Então, o levantamento sugere que é preciso dar mais atenção à eliminação de embalagens de uso único. Afinal, menos de 2% das embalagens de plástico das empresas signatárias do compromisso são reutilizáveis. Além disso, a porcentagem chega a zero em mais da metade das empresas. Apenas 1,9% dessas embalagens deixaram de ser descartáveis em 2019 -por exemplo-, tornando-se recicláveis.

Para Dame Ellen MacArthur, fundadora e presidente do Conselho de Curadores da EMF, eliminar as versões descartáveis é vital para solucionar o problema, mas os dados mostram que há pouco investimento nisso. Ela defende que haja então maior foco no início das cadeias de produção, reconsiderando como produtos podem ser comercializados sem embalagens ou com recipientes reutilizáveis.

“Isso não só permite a eliminação do desperdício, mas também significa que podemos eliminar as emissões de carbono em paralelo à criação de novas oportunidades para negócios”, aponta MacArthur, em comunicado. “Substituir apenas 20% das embalagens descartáveis por embalagens reutilizáveis representa uma oportunidade estimada em 10 bilhões de dólares.”

Para mudar o contexto atual, iniciativas como o Compromisso Global são essenciais. Mas, não resolvem a questão por completo, já que é ainda necessária uma resposta global que abranja toda a indústria e todos os governos. Assim, um movimento nesse sentido está sendo reivindicado por 80 empresas e 119 Estados. Eles são apoiados por 2 milhões de pessoas que assinaram uma petição da ONG de preservação ambiental World Wide Fund for Nature.

Fonte: Revista Galileu

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