O furacão Beryl devastou partes do Caribe no começo do mês passado. Um dos locais mais afetados foi a ilha de Carriacou, em Granada, terra natal de Simon Stiell, secretário executivo da ONU Mudanças Climáticas (ONU Clima). Em visita recente ao local e aos escombros da casa de sua avó, ele definiu a situação atual como uma “carnificina climática”.
“Tragicamente, esse transtorno de vidas e meios de subsistência causado pelo Beryl não é único. É o custo crescente da carnificina climática descontrolada, em todos os países da Terra. A nível global, as tempestades nunca foram tão fortes ou tão frequentes, as enchentes tão repentinas e destrutivas, os incêndios e as secas tão devastadores e onerosos, tanto no imediato quanto no longo prazo”, afirmou.
Stiell acrescentou que os desastres causados pelo clima não apenas prejudicam vidas e comunidades quando ocorrem, mas, também, infligem enormes custos contínuos no mundo todo.
“Um relatório recente calculou os custos de inação em $38 trilhões de dólares por ano, até 2050. O mesmo relatório diz que a ação climática custará menos de um sexto desse valor”, comparou. “Os impactos climáticos reduziram a produção global de alimentos e aumentaram os preços dos alimentos e outros custos de vida.”
Ele enfatizou que o Beryl foi mais uma consequência das mudanças climáticas causadas, sobretudo, pela queima de petróleo, gás e carvão. “Precisamos parar de piorar as coisas. Devemos cortar a poluição por combustíveis fósseis agora e reduzi-la pela metade nesta década, como exige a ciência.”
Assim, complementou que, em vez de apenas contabilizar os custos da carnificina climática, todos os governos devem intensificar os esforços para evitá-la. Isso significa colocar a ação climática novamente no topo das suas agendas.
Consequências do furacão
Se referindo especificamente ao G20, indicou que o grupo é responsável por 80% da poluição por gases de efeito estufa e deve liderar o caminho com novos planos climáticos nacionais “revolucionários”, que cumpram a promessa que feita na COP28, em Dubai, no ano passado, de abandonar os combustíveis fósseis.
“Precisamos de planos de adaptação mais fortes, criando resiliência e protegendo comunidades, economias, cadeias de suprimentos e resultados financeiros das empresas, que atualmente estão sendo prejudicados pelo aquecimento global”, destacou ele. “A ação climática é um investimento, não um custo, proporcionando retornos sobre o investimento em infraestrutura nova e limpa, e gerando crescimento econômico.”
O secretário executivo da ONU finalizou dizendo que justiça climática requer ações climáticas mais ousadas que proporcionem resultados na economia e na vida real.
“Estando aqui [em Curriacou] é impossível não reconhecer a importância vital de fornecer financiamento climático, financiar perdas e danos e investir maciçamente na construção de resiliência, especialmente para os mais vulneráveis”, observou. “O que a crise climática fez com a casa da minha avó não deve se tornar o novo normal da humanidade. Ainda podemos evitar isso, mas somente se as pessoas em todos os lugares se manifestarem e exigirem ações climáticas mais ousadas agora, antes que seja tarde demais.”
Fonte: Um Só Planeta
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