Temperatura da água na Grande Barreira de Corais atinge recorde de 400 anos

Hoje, as águas onde ficam esse importantíssimo ecossistema são as mais quentes em 400 anos; ação do homem é a responsável

Grande Barreira de Corais, na Austrália -Foto: PixaBay -

A Grande Barreira de Corais, na Austrália, está em perigo iminente devido ao aumento da temperatura do mar e eventos de branqueamento em massa de recifes de corais. Uma nova pesquisa publicada na revista científica Nature mostra que as águas onde ficam esse importantíssimo ecossistema são as mais quentes em 400 anos.

Liderado por Benjamin Henley, da Universidade de Melbourne, o trabalho reconstruiu dados de temperatura da superfície do mar no pico de calor de três meses, de janeiro a março, de 1618 a 1995 usando amostras de esqueletos de corais de dentro e ao redor da Grande Barreira. Além disso, incorporou dados de temperatura da superfície do mar de 1900 a 2024.

Os pesquisadores também analisaram simulações de modelos climáticos de temperaturas da superfície do mar realizadas com e sem mudanças climáticas. A descoberta foi que as mudanças no clima causadas pelo homem são as responsáveis pelo aumento das temperaturas na região.

Os recentes eventos de branqueamento em massa coincidem com cinco dos seis anos mais quentes nos 400 anos medidos. Em 2024, 2017 e 2020, a Grande Barreira experimentou as temperaturas mais quentes, com 2024 na liderança – este ano, a temperatura da superfície do Mar de Coral atingiu uma média de 1,73°C acima da média de 1618–1899. Os recentes eventos de calor em 2016, 2004 e 2022 foram os próximos três anos mais quentes já registrados.

Futuro da Barreira

“Quando tracei o ponto de dados de 2024, tive que verificar três vezes meus cálculos. Estava fora dos gráficos, muito acima do recorde anterior de 2017”, disse Henley em comunicado. “Quase não conseguia acreditar. É uma consequência trágica, mas quase inevitável, que o branqueamento em massa de corais tenha ocorrido novamente este ano.”

Ele acrescentou que há uma inevitabilidade dos impactos no recife nos próximos anos. “Na ausência de uma ação global rápida, coordenada e ambiciosa para combater as mudanças climáticas, provavelmente testemunharemos o fim de uma das maravilhas naturais mais espetaculares da Terra.”

“Não há ‘se, mas ou talvez’. As temperaturas do oceano durante esses eventos de branqueamento, incluindo o evento que está acontecendo agora, não têm precedentes nos últimos quatro séculos”, apontou Helen McGregor, professora da Environmental Futures e coautora do estudo. “A Grande Barreira de Corais está enfrentando uma catástrofe se as mudanças climáticas antropogênicas não forem imediatamente abordadas. Os próprios corais que viveram por centenas de anos e que nos deram os dados para nosso estudo estão eles próprios sob séria ameaça.”

Henley completou que temos muitas das principais soluções para reverter o quadro. “O que precisamos é de uma mudança radical no nível de ação nacional e internacional coordenada para a transição para o net zero. Esperamos que nosso estudo equipe os formuladores de políticas com mais evidências para buscar cortes mais profundos nas emissões de gases de efeito estufa internacionalmente.”

Preocupação global

A pesquisa foi apresentada logo após o Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO emitir sua decisão final sobre o estado da Grande Barreira de Corais. Com isso, o retorno foi de não listá-la como em perigo – a questão será considerada novamente em 2026.

Assim, também chega quase ao mesmo tempo em que o Instituto Australiano de Ciências Marinhas (AIMS) emite seu último relatório sobre o estado do ecossistema, incluindo dados de pesquisas aéreas e subaquáticas de corais conduzidas desde um grande evento de branqueamento no início do ano.

E essa análise, destaca o artigo da Nature, traz boas notícias: muitas áreas do recife se recuperaram desde 2016. Pois foi quando um grande evento de branqueamento causou a morte generalizada de corais. Porém, os pesquisadores alertaram que os impactos do evento deste ano não estão completamente incluídos. Além disso, relata que não será possível obter uma imagem completa da mortalidade dos corais por mais 6 a 9 meses.

Fonte: Um Só Planeta

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