Na última sexta-feira (2) a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA) -comitê ligado a ONU- realizou a eleição para assumir o cargo de secretaria-geral da organização. A brasileira Letícia Carvalho já era apontada como uma forte candidata ao posto desde a última reunião que aconteceu na Jamaica no mês passado.
A brasileira é oceanógrafa e competiu com o britânico Michael Lodge. Michael é o atual encarregado do cargo -há oito anos. A sigla em inglês ISA exige que Letícia cumpra o cargo de 4 anos. Ou seja, o órgão será representado por Carvalho de 2025 a 2028.
Atráves de uma nota divulgada após sua eleição, o governo brasiliero apontou que a brasileira “construiu sólida carreira profissional, acumulando 26 anos de experiência em cargos executivos na administração pública brasileira e em organismos multilaterais”.
Até o final deste ano, a oceanógrafa cumprirá seu atual cargo de coordenadora principal do Ramo e de Água Doce do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o qual localiza-se em Nairóbi, no Quênia. A Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos é, em suma, o órgão da Organização das Nações Unidas responsável por monitorar as atividades de mineração em águas internacionais e profundas no planeta. Dessa forma, com a última eleição, a brasileira será a primeira mulher a ocupar o cargo almejado. Além disso, o feito é ainda maior uma vez que , também, tornará a primeira oceanógrafa e a primeira representante da América Latina a estar em tal posição na instituição.
Palavras da brasileira
Em entrevista -anterior a sua eleição- com o portal Mongabay, Letícia contou que, caso fosse eleita, teria o objetivo de tornar a ISA um órgão com mais transparência e buscava resgatar a confiança dentro na organização. Nos últimos meses a instituição tem sido alvo de questionamentos e pressão internacionais por parte de militantes e ambientalistas ligados à preservação da vida marinha. Ao passo que a mesma tensão é imposta por grandes empresas mineradoras que reivindicam maior liberdade de exploração pela atividade.
“Para mim, a missão da ISA e a liderança é ser um trustee — um corretor honesto que reúne tomadores de decisão, oferecendo espaço que pertence a toda a humanidade. Ele deve oferecer transparência de seus próprios procedimentos, sobre os processos de tomada de decisão, sobre a gestão dos orçamentos — tudo isso”, enfatizou.
A fala aponta para a situação em que Michael Lodge encontra-se: pressionado pela finalização de um acordo de mineração, uma série de regras que permitiria o início da exploração de mineração em alto mar.
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