O Cerrado perdeu 347 mil hectares de vegetação nativa no primeiro semestre de 2024, queda de 29% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram desmatados 491,5 mil hectares. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado), desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
Desde o começo do ano, todos os meses, com exceção de janeiro, registraram uma área desmatada menor do que a apresentada no ano passado. Apesar da boa notícia, o IPAM advertiu sobre a cobertura de nuvens. Assim, alertou que isso pode dificultar o mapeamento no começo do ano, e o calendário agrícola, que tende a acelerar a devastação na segunda metade do ano.
“Mesmo com uma redução do desmatamento nesses primeiros seis meses do ano, os números continuam altos, principalmente na região do Matopiba [fronteira agrícola que compreende Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia]. Assim, não podemos afirmar que o desmatamento no Cerrado diminuiu como um todo. Dessa forma, somente após o período do ano com maior atividade agrícola – entre junho e outubro – é que podemos avaliar se realmente teve uma queda em relação aos anos anteriores”, ressaltou a pesquisadora Fernanda Ribeiro, em comunicado.
Resultados de um semestre
Os estados do Matopiba responderam por 77% de toda a vegetação nativa perdida no primeiro semestre – cerca de 266 mil hectares. No Maranhão, 100 mil hectares foram derrubados em seis meses, 15% a menos do que em 2023. Números semelhantes foram registrados no Tocantins: 97 mil hectares perdidos, redução de 14%. Entretanto, no Piauí o desmatamento recuou 23%, chegando a 44 mil hectares. O estado de Goiás perdeu 15 mil hectares, uma queda de 59% em relação a 2023 – maior redução dentre todos os estados do Cerrado.
O IPAM enfatizou que houve uma mudança na lista de municípios que mais perderam vegetação nativa. Dos dez que mais desmataram o Cerrado na primeira metade de 2024, cinco não figuraram na lista de 2023, enquanto grandes desmatadores, como Jaborandi, Correntina e Barreiras, todos na Bahia, saíram do ranking.
Pelos dados divulgados, as 10 cidades no topo do ranking responderam por 19% do que foi desmatado entre janeiro/junho – cerca de 65 mil hectares. E todas estão localizadas no Matopiba, sendo quatro no Maranhão, três no Tocantins, duas na Bahia e uma no Piauí.
Para Ribeiro, o surgimento de novos municípios dentre os maiores desmatadores do bioma deve acender um alerta para as políticas de combate à perda de vegetação nativa na savana brasileira. Isso porque seis dos municípios que mais a desmataram na primeira metade de 2024 (Balsas, São Desidério, Mateiros, Mirador, Alto Parnaíba e Paranã) são também alguns dos com maior cobertura de vegetação nativa, um possível indicativo de que o desmatamento está avançando para os últimos grandes fragmentos de vegetação no bioma.
Perfil do desmatamento
Assim como em períodos anteriores, áreas com Cadastro Ambiental Rural (CAC) privado concentraram a maior parte dos alertas e da área desmatada no primeiro semestre. Dessa forma, totalizando 284 mil hectares, ou 82% de tudo que foi derrubado no bioma.
Os vazios fundiários – áreas sem posse ou mecanismos de governança definidos – foram a segunda categoria mais desmatada, correspondendo a 8% dos alertas. Também tiveram destaque as Unidades de Conservação, que responderam por 5% do desmatamento do Cerrado, totalizando 17,4 mil hectares perdidos.
As áreas mais atingidas foram as localizadas no Matopiba, como a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins (perdeu 5,3 mil hectares). Além do Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba (3,7 mil hectares desmatados).
Fonte: Um Só Planeta
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