Pescadores usam tecnologia para monitorar e proteger a Baía de Guanabara

Aplicativo permite mapeamento e denúncia de locais onde ocorrem irregularidades ambientais

Baía de Guanabara - Rio de Janeiro
Foto: Divulgação Gov. -

Pescadores artesanais decidiram usar a tecnologia como aliada à proteção e preservação da Baía da Guanabara, fonte de sustento para mais de 12 mil famílias. Desenvolvido pela 350.org a pedido da Associação dos Homens e Mulheres do Mar da Baía de Guanabara (Rede Ahomar), o aplicativo “De Olho na Guanabara” é uma ferramenta que permite fazer o mapeamento dos locais onde ocorrem irregularidades ambientais na baía oriundos da indústria de petróleo e gás. Somente 48 horas após o lançamento do aplicativo, mais de cem pontos de já tinham mapeados.

Nos últimos anos, diversos vazamentos e ambientais relacionadas à produção e ao transporte de combustíveis fósseis foram documentados de forma dispersa pelos pescadores que frequentam a área. No entanto, a maioria desses incidentes não foi investigada adequadamente devido à dificuldade em localizar o ponto exato do vazamento e à falta de um canal integrado para a comunicação entre os órgãos responsáveis.

– Faz duas décadas que a comunidade pesqueira faz denúncias de crimes ambientais na baía e essas denúncias se perdem. Essas comunidades sofrem com ameaças e estão em situação de vulnerabilidade. O objetivo é encorajar as denúncias, permitir que elas sejam mais precisas e que as autoridades tenham mais ferramentas para apurar e tomar as medidas cabíveis para punição dos responsáveis. A poluição do setor de petróleo e gás na Baía de Guanabara pode ser invisível para muitos, mas não é para o pescador artesanal. Enquanto a baía estiver poluída, absolutamente todos os cidadãos perdem a oportunidade de ver esse cartão postal do Rio de Janeiro limpo, vivo e útil para o bem-estar da população – afirma Luiz Afonso Rosário, porta voz da 350.org.

Tecnologia a favor dos pescadores

Com a ferramenta, pescadores, moradores e ambientalistas poderão enviar fotos e vídeos dos vazamentos de óleo e gás, na baía. Através de georreferenciamenteo é possível identificar em tempo real a localização exata dos derrames no mar. As denúncias serão encaminhado para os órgãos competentes responsáveis pela fiscalização. Para garantir o uso efetivo da ferramenta, os pescadores receberão treinamento e suporte contínuo da Rede Ahomar.

– A tecnologia é fácil e acessível a todos. O projeto já vinha sendo testado há dois anos. Hoje está disponível a todos. Mais de 60 pessoas já estão habilitadas para usar o aplicativo. A nossa expectativa é mudar. É tornar a a fiscalização mais eficiente e eficaz – afirmou o presidente da Rede Ahomar Alexandre Anderson.

No sábado, um grupo de 70 pescadores participou de um treinamento, na Baía de Guanabara, para se familiarizar com a ferramenta. Foram identificados cem pontos de irregularidades ambientais, incluindo despejo irregular de esgoto e manchas de óleo. O aplicativo foi oficialmente lançado no dia 26 de julho, em um evento na Ilha de Paquetá e contou com a presença de líderes comunitários pesqueiros, além de representantes dos governos municipal e estadual e do Ministério Público.

Como funciona

Cadastro: Todos os pescadores artesanais da região estão convidados a contribuir, protegendo a Guanabara das irregularidades ambientais. Basta ter seu cadastro aprovado junto à Rede AHOMAR.

Instalar o aplicativo: Assim que seu cadastro estiver ativo, você poderá instalar o aplicativo no celular como parte da equipe de patrulha.

Denúncia: Quando estiver no território e vir alguma irregularidade ambiental que esteja impactando os pescados ou o meio ambiente, abra o aplicativo, que imediatamente irá identificar sua geo-localização no mar. Marque o ponto de sua denúncia e adicione as fotos.

Encaminhamento: Para garantirmos a segurança das informações, todas as denúncias serão encaminhada para apuração antes de serem publicadas e direcionada para os órgãos fiscais e reguladores responsáveis.

Fonte: Isabelle Resende / O Globo

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