Descarbonização dos transportes no Brasil envolve soluções múltiplas

Biocombustíveis, eletromobilidade e melhorias de infraestrutura no sistema foram alguns dos pontos levantados por especialistas no ITF Summit 2024

Primeiros ônibus movidos a hidrogênio para transporte urbano no Brasil, no Estado de São Paulo.
Primeiros ônibus movidos a hidrogênio para transporte urbano no Brasil foram entregues em 2015 no Estado de São Paulo. — Foto: Daniel Guimarães / A2img / Fotos Públicas -

A cúpula do International Transport Forum (ITF), maior encontro global para políticas de transporte, evidenciou que não há uma só resposta para mitigar os efeitos da crise climática e alcançar as metas do Acordo de Paris estabelecidas por cada um de seus signatários, a descarbonização .

Por exemplo, o evento destacou a eletromobilidade como tendência mundial para a descarbonização dos transportes. O Brasil, porém, tem um foco histórico na produção de biocombustíveis, o que também pode ser uma estratégia para a mitigação.

De acordo com relatório da Agência Internacional de Energia, o país lidera as economias emergentes no setor e será responsável por impulsionar 40% do crescimento da demanda global de biocombustível nos próximos cinco anos.

Além disso, segue em tramitação no Senado o Projeto de Lei do Combustível do Futuro (PL 528/2020). O texto cria programas nacionais de diesel verde, de combustível sustentável para aviação e de biometano, além de aumentar a mistura de etanol e de biodiesel à gasolina e ao diesel.

Benefícios da Descarbonização

Por outro lado, Cristina Albuquerque, gerente de Mobilidade Urbana do WRI Brasil, defende que é preciso considerar outros caminhos para alcançar sistemas zero carbono até 2050:

“Os veículos híbridos e biocombustíveis têm um papel na questão econômica brasileira como parte da solução para descarbonizar o setor de transporte, mas eles ainda não são zero emissão no ciclo total de vida. Há outras tecnologias vindo por aí, como o hidrogênio [verde] e os veículos elétricos”, afirma.

Ela reforça que o setor tem um potencial muito grande para redução de emissões dentro das cidades. “Há inventários que mostram que o transporte representa de 40% a 60% das emissões dentro dos centros urbanos. Então [eles] têm um papel fundamental na descarbonização, através da melhoria do sistema de transporte coletivo, infraestrutura para mobilidade ativa, implementação de zonas de baixa emissão etc.”, diz.

Nos ares

Para a aviação, uma das soluções é também o uso de matérias-primas renováveis como combustíveis em detrimento dos fósseis. Isso é endossado pelo ProBioQAV (Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação) do PL dos Combustíveis do Futuro.

“Quando o Proálcool foi criado foi bastante contestado, mas criou uma supply demand. Hoje o etanol é uma realidade no Brasil e virou uma commodity global. É muito importante que o Brasil utilize isso como exemplo para partir para os combustíveis sustentáveis na aviação”. Comenta Luis Felipe de Oliveira, Diretor Geral e CEO do Airports Council International.

Ele também destaca a possibilidade de utilizar a energia elétrica, que no Brasil é majoritariamente renovável, para alimentar equipamentos em aeroportos.

“Já há aeroportos no Brasil com áreas de exploração de energia solar, por exemplo, o que não apenas gera energia limpa como também ajuda a gerenciar ou reduzir os seus custos de operação, criando benefícios para toda a população”, diz.

(*) A jornalista viajou a convite do International Transport Forum (ITF)

Fonte: Yara Guerra, de Leipzig (Alemanha) / Um Só Planeta

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