O AquaRio, no Rio de Janeiro, conclui nesta quinta-feira (21) a série de encontros AquaEduca – Saberes dos Povos do Mar, Juventudes e Comunidades Tradicionais. A ação é parte da campanha Manguezal: Berçário de Vida. Desde agosto, o espaço, situado no bairro da Gamboa, promove discussões sobre temas como conservação ambiental e dos seres oceânicos, turismo sustentável e o papel das comunidades tradicionais na preservação dos manguezais.
“Estamos na década dos oceanos, mas entendemos que a pesquisa oceanográfica tem poucos resultados. Conhecemos apenas 5% do que os oceanos têm e podem nos proporcionar de recursos benéficos, então, dentro dessa premissa, entendemos que a preservação e a conservação desse bem maior são necessárias através da troca de conhecimentos científicos e saberes”, disse, à Agência Brasil, a pesquisadora da Organização Não Governamental (ONG) Guardiões do Mar, Carolina Waite. “É a partir dessa fusão de saberes e conhecimento que chegaremos à conservação sustentável desse ambiente”, acrescentou.
Em novembro, o tema abordado é “Conexões do Mangue: Lideranças Tradicionais de Pescadores e Catadores de Caranguejo da Baía de Guanabara”. Com mediação de Waite, o encontro reúne Rafael dos Santos (Associação de Caranguejeiros e Amigos dos Mangues de Magé), Aucendino Ferreira (Associação Luthando Pela Vida) e Alaildo Malafaia (Cooperativa Manguezal Fluminense), discutindo a importância das comunidades tradicionais na conservação dos manguezais.
“Dentro desse contexto, as pessoas que vivem e moram mais próximas desse território têm um conhecimento sustentável, um conhecimento local, que pode subsidiar as políticas públicas para a melhoria e para a conservação desse ecossistema tão importante”, destaca a pesquisadora.
Campanha de preservação dos seres oceânicos
Em 2024, a campanha foi lançada com o apoio da Rede Nós da Guanabara, do Projeto do Mangue ao Mar da ONG Guardiões do Mar, e com a parceria da Transpetro. O objetivo é conectar a sociedade aos ambientes costeiros por meio de atividades diversas. Destacando, assim, a importância da preservação dos manguezais e o papel das comunidades tradicionais que os habitam.
Os manguezais, ecossistemas que surgem na transição entre o mar e a terra, são berçários para muitas espécies. Além disso, possuem um papel vital no equilíbrio climático global, atuando como grandes sequestradores de carbono. Waite explica que esses ecossistemas ajudam a remover o dióxido de carbono da atmosfera, mitigando o efeito estufa.
Contudo, esses ambientes estão sob crescente ameaça devido à exploração de seus recursos naturais, urbanização, pesca industrial e descarte inadequado de resíduos.
Benefícios
“Os manguezais são importantes porque nos fornecem muitos serviços ecossistêmicos, serviços benéficos. Dentro disso, ele é o berçário da vida, como o próprio nome da campanha diz, e influencia diretamente na sociobiodiversidade”, explica a pesquisadora. Acrescenta que, além da relevância para o ciclo de vida da maioria das espécies marinhas, os manguezais também se relacionam diretamente à cadeia produtiva das comunidades tradicionais que sobrevivem do comércio de recursos pesqueiros.
“A importância está intimamente relacionada à questão da cadeia produtiva porque os manguezais estão intimamente ligados à biodiversidade marinha e, consequentemente, ao sustento dessas famílias que dependem exclusivamente desse ambiente para sua subsistência”, diz Carolina Waite.
Apesar do encerramento do ciclo de conversas, a campanha continua até janeiro de 2025 com uma instalação imersiva na entrada do AquaRio. Assim, os visitantes podem interagir com representações dos ecossistemas de Restinga, Manguezal e Mar Aberto. Três salas educativas, chamadas Fontes de Conhecimento, integram o circuito, oferecendo experiências interativas para o público.
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