Um estudo publicado na revista Nature Scientific Reports revelou que apenas 14 grandes empresas de petróleo, gás e carvão respondem por uma parcela gigantesca do aquecimento global e, consequentemente, da intensificação das ondas de calor que atingem o planeta. As emissões acumuladas dessas empresas desde meados do século XIX são responsáveis por cerca de metade do aumento da temperatura média global observado em 2023. Esse aquecimento é o principal fator por trás das ondas de calor cada vez mais frequentes e intensas.

Para se ter uma ideia da dimensão do problema, entre 2000 e 2009, as ondas de calor ficaram 20 vezes mais prováveis do que no período pré-industrial (1850–1900). Entre 2010 e 2019, essa probabilidade saltou para 200 vezes mais. Ou seja, eventos extremos que antes seriam raríssimos se tornaram comuns por causa do aquecimento causado pelas emissões humanas.

O levantamento analisou 180 empresas de combustíveis fósseis e cimento, mas mostrou que a responsabilidade não é igual para todas. As 14 maiores corporações do setor têm impacto equivalente ao das outras 166 somadas. Isso significa que boa parte do problema climático está ligada diretamente a um grupo reduzido de empresas.

Segundo os autores, identificar o quanto cada empresa contribui para eventos extremos ajuda a embasar debates sobre responsabilidade climática. Isso pode ter consequências em processos judiciais, na criação de políticas públicas e até em possíveis reparações às populações mais afetadas pelas mudanças climáticas.

Além disso, o estudo deixa claro que não se trata mais de uma questão distante: as ondas de calor que já afetam a saúde, a agricultura e a infraestrutura no mundo todo têm a assinatura direta dessas empresas.

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